Saiba mais sobre as modalidades esportivas praticadas por pessoas com deficiência
O esporte para pessoas com deficiência (PcDs) é um movimento recente. Não à toa, é comum nos depararmos com dúvidas sobre as diferenças e semelhanças entre o esporte adaptado, o paradesporto e o esporte paralímpico.
De uma forma bem simples, podemos dizer que o esporte adaptado se refere a todas as modalidades praticadas por diferentes grupos, como pessoas com deficiência, obesos, idosos, crianças, cardiopatas, entre outros. Ou seja, as adaptações esportivas são feitas de acordo com a necessidade do praticante.
Esse termo é normalmente associado às pessoas com deficiência, mas não está restrito a elas. Lá no dicionário, adaptado é “tudo aquilo que foi ajustado ou apropriado a algo ou alguém”, e isso também vale para o esporte.
Independente da nomenclatura utilizada, a atividade física desenvolve força, coordenação, flexibilidade e tantas outras habilidades. A partir do contato com a prática esportiva, por exemplo, os atletas podem criar o desejo de atuar no esporte de alto rendimento. É aí que surgem o paradesporto e o esporte paralímpico.
O que é paradesporto?
Paradesporto são todas as modalidades praticadas por PcDs. Enquanto o esporte paralímpico envolve as mesmas modalidades, porém reconhecidas pelos órgãos reguladores e presentes em competições oficiais.
Ou seja, dentre as modalidades paradesportivas algumas são paralímpicas. Aqui no Brasil, 23 são reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. São elas:
Atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha paralímpica, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton, parataekwondo, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e vôlei sentado.
Além dessas, há ainda as modalidades esportivas de inverno, que também podem ser praticadas por atletas com deficiências físicas e visuais: esqui cross country, curling em cadeira de rodas, esqui alpino, biatlo, hóquei no gelo e snowboard.
A história do esporte paralímpico
O esporte para PcDs começou a ser desenvolvido no início do século XX, a partir da criação de esportes adaptados para pessoas com deficiência auditiva. Já o movimento paralímpico nasceu no contexto da Segunda Guerra Mundial.
Em 1939, o neurocirurgião alemão Ludwig Guttman fugiu da Alemanha e se instalou na Inglaterra. Cinco anos depois, começou a trabalhar na Unidade de Lesões do Hospital de Stoke Mandeville, cuidando de combatentes com lesão medular, que recém haviam retornado da guerra. Guttman passou a usar o esporte como parte do processo de reabilitação dos seus pacientes, incentivando-os à prática de atividades competitivas.
Coincidentemente, os primeiros jogos de Stoke Mandeville ocorreram no mesmo dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O neurocirurgião considerou, inclusive, que com esses jogos as pessoas deficientes estavam tendo o seu equivalente aos Jogos Olímpicos.
A competição iniciada dentro do ambiente hospitalar foi se perpetuando ao longo dos anos. Até que em 1960, na Cidade de Roma, houve uma grande virada para a internacionalização do esporte para pessoas com deficiência. A 9ª edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, realizada naquele ano, viria a ser considerada como os primeiros Jogos Paralímpicos da história.
Quatro anos depois, em 1964, na cidade de Tóquio, a imprensa batizou o evento de Paralimpíadas. Somente em 1988, a competição foi nomeada oficialmente como Jogos Paralímpicos. As edições seguiram e passaram, cada vez mais, a incluir diferentes deficiências, dando oportunidades a novos atletas.
Como os Jogos Paralímpicos só surgiram após a Segunda Guerra Mundial, as Surdolimpíadas, que tiveram sua primeira edição em 1924, são consideradas o primeiro evento esportivo do mundo para pessoas com deficiência.
Quando foi a primeira vez que o Brasil participou de uma Paralimpíada?
O Brasil teve sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos em 1972, na cidade de Heidelberg, na Alemanha. A delegação brasileira contou com 20 atletas homens e disputou provas em quatro modalidades: tiro com arco, atletismo, natação e basquete em cadeira de rodas. Porém, a primeira medalha do país foi conquistada apenas na edição seguinte, em 1976.
Pesquisas dizem, inclusive, que a conquista brasileira ocorreu por acaso e no improviso. Naquele ano, os atletas Robson Sampaio e Luiz Carlos da Costa viajaram a Toronto, no Canadá, como integrantes da equipe de basquete em cadeira de rodas. Durante a competição, se interessaram pela lawn bowls, um estilo da modalidade de bocha que não é praticado no Brasil. Os atletas aprenderam as regras do esporte em pouco tempo e acabaram ganhando a medalha de prata.